Viver é sentir

Mario Quintana, no auge dos seus 74 anos, escreveu um poema, “Seiscentos e sessenta e seis”, popularmente conhecido como “o Tempo”, ele traz uma visão madura sobre a vida e sobre a inevitável passagem de tempo.

Seus versos nos fazem refletir, afinal envelhecer é nosso melhor destino, basta escolhermos como isso acontecerá e quais histórias teremos para contar. 

Ele começa:

“A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa.”

É Mario, talvez tenhamos mesmo uma missão nessa nossa breve e bonita passagem pela Terra. Nós somos mensageiros transeuntes, pequenos diante da grandiosidade do Universo, mas mesmo assim algo nos torna capazes de ser, também, fator de transformação. Ele continua: 

“Quando se vê, já são 6 horas: há tempo…

Quando se vê, já é 6ª-feira…

Quando se vê, passaram 60 anos!”

Cazuza, Mario e tantos outros fenômenos, já falavam sobre o tempo e sua efemeridade. De fato, ele não para. Parece que corre, voa! 

Muita informação, muita novidade, muita coisa acontecendo!

Tudo muito, mas o tempo… 

Só que o tempo não corre, não muda… 

Não muda a velocidade, não muda a frequência, quem muda somos nós. 

Quando eu mudo, tudo muda! 

A virada de chave está em como nós vamos nos fazer presentes para notar as horas, dias, semanas e anos se passando. 

“Agora, é tarde demais para ser reprovado…”

Eu sei, a gente quer fazer, quer viver, quer poder ter saúde para desfrutar das coisas boas da vida. Mas quando? Sempre depois, mais tarde. Mario Quintana é cirúrgico ao trazer que adiar a própria vida é um caminho sem volta e precisamos mesmo é de mais urgência para o viver. Ao mesmo tempo que muito já se passou, ainda somos tão jovens, né Renato Russo? 

“E se me dessem – um dia – uma outra oportunidade,

eu nem olhava o relógio

seguia sempre em frente…”

A verdade, talvez pouco dita, é que se não vivermos agora, viveremos os nossos arrependimentos. 

Aproveitar o caminho da vida é estar em movimento no sentido do que te faz feliz, com as pessoas que te fazem bem. 

“E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.”

A vida é feita de momentos e de movimento, e, todos os dias nós somos presenteados com 24 novas horas para escolhermos como utilizá-las.

Tic tac… tic tac…